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Crise no leite: queda no preço pago ao produtor ameaça mais de 30 mil famílias em Santa Catarina

O setor leiteiro de Santa Catarina enfrenta uma das piores crises dos últimos anos, afetando diretamente mais de 30 mil famílias que dependem da atividade para sobreviver. O preço pago ao produtor registrou uma forte queda, passando de R$ 2,66 por litro em outubro de 2024 para R$ 2,22 em 2025, reduzindo drasticamente a margem de lucro dos agricultores. O estado, que ocupa a quarta posição no ranking nacional e é responsável por cerca de 8% da produção brasileira, vê com preocupação o impacto econômico e social desse cenário.

Segundo o presidente do Sindileite, Selvino Giesel, a situação atual é resultado de uma “tempestade perfeita”. O consumo interno diminuiu, reflexo da perda do poder de compra das famílias com renda de até R$ 3,5 mil — justamente o principal público consumidor de leite no país. Paralelamente, a produção brasileira aumentou, gerando excesso de oferta. O problema se agrava com a importação de leite em pó de países do Mercosul, como Argentina e Uruguai, que chega ao mercado até 30% mais barato e pode ser reconstituído e vendido como leite fluido, prejudicando a competitividade do produtor catarinense.

Diante desse quadro alarmante, ações legislativas começaram a ser articuladas. Na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, os deputados Altair Silva (PP) e Oscar Gutz (PL) apresentaram um projeto de lei que proíbe a reconstituição do leite em pó importado para comercialização como leite líquido no estado. A iniciativa conta com o apoio do presidente da Casa, Júlio Garcia (PSD), que se comprometeu a dar celeridade ao processo. Em nível federal, a deputada Daniela Reinehr (PL) propôs um projeto semelhante para abranger todo o território nacional. Além disso, uma comissão especial foi formada para pressionar o governo federal por fiscalização sanitária mais rígida nas importações.

O debate sobre o futuro da cadeia produtiva do leite no Brasil ganha força à medida que a dependência de lácteos importados cresce. Dados da Secretaria de Comércio Exterior revelam que, em 2023, o país importou cerca de 120 mil toneladas de leite em pó, volume muito superior ao registrado em anos anteriores. Com custos menores e alto nível de tecnificação, Argentina e Uruguai seguem dominando esse mercado, aumentando a pressão sobre produtores brasileiros que tentam se modernizar e ganhar escala.

Enquanto isso, famílias do campo aguardam medidas eficientes que garantam a sobrevivência de uma das atividades mais tradicionais da agricultura catarinense.

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