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Ginecologista explica nova diretriz que substitui o Papanicolau por exame de DNA HPV no SUS

O exame de Papanicolau, utilizado no Brasil desde a década de 1980 para o rastreamento do câncer de colo do útero, passa a dividir espaço com um novo protocolo: o teste de DNA HPV. A mudança, anunciada pelo Ministério da Saúde em relatório preliminar, representa um avanço importante na detecção precoce da doença que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o terceiro tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras.

A nova diretriz, aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), estabelece o uso da biologia molecular para identificar a presença do HPV (vírus causador do câncer de colo uterino) mesmo antes do surgimento de lesões. “O exame de DNA HPV é mais sensível e pode detectar a infecção antes de causar qualquer dano”, explica a ginecologista Gabriela Crema, da Clínica Belvivere.

De acordo com a médica, a mudança no protocolo traz a possibilidade de rastrear lesões com até dez anos de antecedência em comparação ao método tradicional. Enquanto o Papanicolau identificava lesões em aproximadamente quatro a cada oito mulheres infectadas, o novo exame pode detectar alterações em até sete dessas mulheres.

A população-alvo para a realização do novo exame são mulheres entre 25 e 64 anos – faixa etária que permanece inalterada. O que muda é a frequência da realização do exame: pacientes com resultado negativo no teste de DNA HPV poderão repeti-lo após cinco anos. “Caso o HPV detectado seja dos tipos 16 ou 18, que têm maior potencial oncogênico, a paciente deve ser encaminhada diretamente para colposcopia. Nos demais casos, o próprio laboratório pode fazer a análise citológica da mesma amostra coletada”, detalha a ginecologista.

Gabriela ressalta que a introdução do DNA HPV como ferramenta de rastreio não substitui o acompanhamento ginecológico regular. “Esse protocolo é específico para mulheres assintomáticas, dentro de uma rotina de rastreamento. Outros sintomas ou queixas devem continuar sendo avaliados normalmente pelo ginecologista, inclusive com exames complementares”, reforça.

Para cada ano do triênio 2023-2025, o INCA estima 17.010 novos casos de câncer de colo uterino no Brasil. “A adoção do novo exame é vista como um importante passo na prevenção da doença, permitindo diagnósticos mais precoces e assertivos com impacto direto na saúde feminina”, conclui a ginecologista.

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